Naquela recente
noite de outono,
Enredados na
mesma coberta (e só na coberta)
Nós fugíamos
desesperados do sono,
Mas definitivamente
não em linha reta.
Seguíamos entre o
silêncio e o riso
Agarrando-nos ao
que fosse preciso
Para segurar a
madrugada.
Resquícios de
uma luz estrangeira
Atravessavam por
entre os fios da cortina.
Eu usava o aquecedor
como cabeceira
E essa luz,
azulada, fria e clandestina
que escondeu meu
rosto, apontou e me revelou
O seu jeito de
olhar mágico que me levou,
Fácil e leve como
poeira.
Tudo era um tanto
confuso, assustador e certo!
Estávamos juntos,
pele na pele, respiração,
Mas era aquele
olhar que me trazia perto
O suficiente para
que eu percebesse que não
Haveria mais
volta naquela estrada.
Eu queria cuidar
de ti depois daquela madrugada
E ser parte da
sua vida, de forma plena.
Eu confesso um medo
de dormir e acordar
Em um dia
diferente, em um dia triste e opaco.
Ou que, com a
ajuda daquele seu olhar
Você tivesse lido
minha alma, percebido que sou fraco!
Reconhecido que
eu nunca teria ao meu alcance
A força para
fazer de nós um grande romance,
Daqueles que
viram referência eterna.
Eu lutei comigo para
não te prometer nada
Pois, assim, eu
não poderia te decepcionar.
Porém aquele
olhar cinzento de madrugada
Revelava-me, tirava
as minhas defesas e me explodia no ar.
Eu já era sua
posse, você já reinava
E, mesmo que eu
escondesse a palavra,
O amor já havia
se revelado.
Conheço você? Não
sei!
Mas para mim o
seu olhar
É agora a
representação física de amar.
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