quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Olhar de outono

Naquela recente noite de outono,
Enredados na mesma coberta (e só na coberta)
Nós fugíamos desesperados do sono,
Mas definitivamente não em linha reta.
Seguíamos entre o silêncio e o riso
Agarrando-nos ao que fosse preciso
Para segurar a madrugada.

Resquícios de uma luz estrangeira
Atravessavam por entre os fios da cortina.
Eu usava o aquecedor como cabeceira
E essa luz, azulada, fria e clandestina
que escondeu meu rosto, apontou e me revelou
O seu jeito de olhar mágico que me levou,
Fácil e leve como poeira.

Tudo era um tanto confuso, assustador e certo!
Estávamos juntos, pele na pele, respiração,
Mas era aquele olhar que me trazia perto
O suficiente para que eu percebesse que não
Haveria mais volta naquela estrada.
Eu queria cuidar de ti depois daquela madrugada
E ser parte da sua vida, de forma plena.

Eu confesso um medo de dormir e acordar
Em um dia diferente, em um dia triste e opaco.
Ou que, com a ajuda daquele seu olhar
Você tivesse lido minha alma, percebido que sou fraco!
Reconhecido que eu nunca teria ao meu alcance
A força para fazer de nós um grande romance,
Daqueles que viram referência eterna.

Eu lutei comigo para não te prometer nada
Pois, assim, eu não poderia te decepcionar.
Porém aquele olhar cinzento de madrugada
Revelava-me, tirava as minhas defesas e me explodia no ar.
Eu já era sua posse, você já reinava
E, mesmo que eu escondesse a palavra,
O amor já havia se revelado.

Conheço você? Não sei!
Mas para mim o seu olhar
É agora a representação física de amar.

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